Especialista diz que com os pontos é possível voar e também trocar por produtos ou vender e ganhar dinheiro
Segundo dados divulgados pelo BC (Banco Central), os brasileiros deixaram de utilizar 39 bilhões de pontos acumulados em apenas um ano após compras pagas com cartão de crédito. Com o total de milhas perdidas, em uma conta hipotética, cerca de 1,3 milhão de usuários do cartão de crédito poderiam ter viajado a destinos próximos. O saldo seria suficiente para adquirir 2.450 milhões de passagens de ida e volta na ponte aérea ao Rio de Janeiro, por exemplo. As contas referem-se a junho de 2021 e julho de 2022.
Milhas são créditos dados aos passageiros que viajam com frequência e costumam ser oferecidas por companhias aéreas com intuito de criar a fidelização na utilização da mesma operadora em todos os deslocamentos aéreos.
Para ter esses pontos, o usuário inicialmente tem de participar de algum programa de passageiros, disponível em qualquer empresa de voos. Um número de associado é gerado tão logo seja feito o cadastro, que é gratuito. Com esse número em mãos, o usuário terá acesso à plataforma que contabilizará as milhas acumuladas.
Para algumas pessoas, vender ou comprar esses pontos passou a ser negócio interessante e até virou profissão, porque é um tema que pode ser difícil de compreender para muitas pessoas, e até mesmo trazer algum tipo de perigo aos que entendem, já que podem extrapolar nas contas do cartão apenas para acumular milhas.
O assunto tem formado especialistas nessa área. Uma delas é a autônoma Priscila Liliane, 29 anos, moradora da Zona Sul de São Paulo. De acordo com ela, toda despesa do mês pode virar pontos, mas que pouca gente sabe disso. Para saber se tem pontos acumulados, explica ela, basta acessar o chat do cartão de crédito direto pelo aplicativo do banco e perguntar.
“Uma ida ao supermercado, colocar gasolina no carro, comprar uma roupa no shopping, comprar móveis e eletrodomésticos. Esses dias fiz um post de como um ovo de Páscoa me deu uma passagem para Florianópolis”, ensina ela.
Priscila revela que a partir de 5.000 pontos já é possível viajar e que as companhias aéreas lançam promoções de aniversário com certa constância, na Black Friday e até mesmo em eventos para atrair o maior número de clientes. “Já viajei na ponte aérea São Paulo-Rio de Janeiro com 5.200 pontos. Mas se tivesse acumulado no cartão, que é a forma mais tradicional, precisaria ter somente 2.500. Sempre posto promoções e oportunidades de boas emissões no meu Instagram! Já teve passagem para a Europa por 20 mil pontos”, informa a especialista.
Entretanto, de acordo com ela, nem todos os cartões de crédito acumulam pontos. Os tradicionais de status “internacional” e os de bancos digitais não fazem isso. A maioria dos cartões que acumulam pontos cobra algum tipo de anuidade para oferecer esse benefício.
USUÁRIA DE MILHAS
Priscila conta que já viajou para vários destinos nacionais e internacionais utilizando os pontos acumulados em seus cartões de crédito. Ela explica, porém, que acumular os pontos em um único cartão é o ideal, mas que essa forma de pagamento é mais demorada de conseguir uma viagem. Além desse item, ela lista as compras bonificadas, clube de facilidades, transferência bonificada, compra de pontos, abastecimento de veículos e os voos como algumas outras maneiras para conseguir o que deseja em relação aos pontos.
“Existem estratégias em que é possível duplicar em até 20 vezes o número do seus pontos com a compra bonificada, além das promoções das companhias aéreas que dobram o número de pontos que você acumulou”, diz ela. “Dá para saber dessas promoções somente entrando no site dos clubes de fidelidade. Por isso indico estar em um grupo ou assessoria para que alguém possa sempre avisar você até conseguir alcançar seu objetivo com as milhas”, complementa.
Ela ainda acrescenta que criou uma mentoria, a Milhasverso, no Instagram (@poraicomaprix) na qual dezenas de alunos aprendem todos os dias como acumular, emitir e viajar mais de forma econômica. “O universo das milhas é muito maior do que as pessoas imaginam. É realização de sonhos, cumprimento de metas, espaços que não imaginamos que seria possível com dinheiro. Convido vocês a conhecerem meu perfil, no qual falo sobre o tema, e a minha maior paixão, que é viajar.”
PARA OUTROS FINS
A moradora da Zona Sul ainda ensina que não se deve deixar que os pontos se expirem porque, mesmo que o usuário não queira viajar, é possível vendê-los. “É comum que grandes redes de varejo on-line ofereçam promoções do tipo ganhe 5, 10 ou até 20 pontos por cada real gasto em compras. Se você de fato precisa comprar um eletrodoméstico, celular, móveis, roupas, remédios ou algum outro produto ou serviço, as promoções de grandes redes varejistas podem ser uma boa oportunidade de ganhar muitos pontos ou milhas. Essas parcerias geralmente envolvem um acúmulo padrão, mas mensalmente aparecem promoções com o acúmulo turbinado. Aí é a hora de aproveitar”, recomenda ela.
Além disso, ela acrescenta que pontos também servem para reservar hospedagem, trocar por produtos ou vender e ganhar dinheiro. “Trocar por produtos é o único que não recomendo, porque 90% das vezes não vale a pena. Mas se seus pontos estiverem expirando e bem próximo da data de validade, é melhor que perder”, diz.
“Apesar da pouca idade, a bagagem de viajante é grande. Nessas buscas por conhecer lugares gastando pouco, conheci nas milhas aéreas as melhores estratégias. Inclusive, o voo que fiz para o intercâmbio atual, em Malta, foi de executiva com milhas”, encerra a jovem especialista.